segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Ele

Fernando é um nipo-ítalo-brasileiro muito alto e muito magro. É nipônico no amor pelos detalhes e na paixão por fotografias. Italiano no pavio curto e nas mãos enormes, de gestos infindáveis. Brasileiro no tanto que come.
Fernando – de olhar para ele, a gente logo vê – cresceu rápido demais e, por isso, sacode os braços ao longo do corpo como se não soubesse o que fazer com eles. Tampouco sabe como endireitar 1,90 m de altura, o que faz com que curve as últimas vértebras do pescoço, trazendo a cabeça mais para baixo.
Fernando usa All-Star de couro preto. Cano alto. Brincos na orelha e o cabelo bem desarrumado ­– não por desleixo, por capricho do cabelo, que está mais para o brasileiro que para o japonês. Ele tem uma mania irresistivelmente sedutora: ouve canções de rock clássico no último volume, em fones de ouvido, e toca uma guitarra imaginária como se ninguém pudesse ver. Fernando gosta de dançar. E é tanta alegria de não caber em toda a sua dimensão.
Fernando passa a maior parte do tempo visitando sites relacionados à tecnologia, carros e – claro – mulher pelada. Gosta de autorama, de cinema e de quadrinhos. E Fernando perde a paciência, às vezes, e bate na mesa e grita. Ele também não gosta de acordar cedo, nem quando eu mudo de idéia muitas vezes ou estou de TPM.
Mas Fernando faz um macarrão com atum como ninguém. E à bolonhesa. Faz também carne assada e moída. De manhã, faz carinhos nas costas e me acorda de bom-humor. Faz piadinhas, brincadeiras e imitações. Tem um colo magro e ossudo, mas muito confortável. E tem uns beijinhos muito bons...